Dietoterapia em um Paciente Hepatopata Hospitalizado: Adequação do Perfil Lipídico/ Dietotherapy in a Hospitalized Hepatopathic Patient: Adequacy of Lipid Profile
DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv6n1-324Keywords:
Dietoterapia. Esteatose Hepática. Nutrição.Abstract
Introdução: As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo fígado, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas. A doença hepática crônica resulta em grande impacto nutricional, independente de sua etiologia, pelo fato do fígado responsabilizar-se por inúmeras vias bioquímicas na produção, modificação e utilização de nutrientes e de outras substâncias metabolicamente importantes. Objetivo: Demonstrar a dietoterapia utilizada hepatopata com alteração de perfil lipídico. Metodologia: Trata-se de um trabalho descritivo transversal que relata o caso de um paciente do sexo masculino, 54 anos, etilista crônico, internado em um Hospital de Retaguarda, de maio a outubro de 2019, portador de Hepatite C e Esteatose Hepática (EH) grau II, com diagnóstico nutricional de sobrepeso e alterações no perfil lipídico sérico. Resultados: A avaliação dos exames bioquímicos na admissão, demostrou níveis alterados de triglicerídeos, colesterol HDL e LDL. As enzimas hepáticas também apresentaram alterações, com Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) duas vezes maior que o normal, Gama Glutamil Transferase (Gama GT) quatorze vezes maior que o normal. Diante da comorbidade do paciente e dos resultados laboratoriais, a conduta dietética foi ofertar uma dieta livre, pois não haviam restrições quanto a deglutição e mastigação, hiperproteica (1,34 g/kg/peso), hipocalórica (20 kcal kg/peso) e normolipídica, fracionada seis vezes ao dia. Foram adicionados alimentos, entre eles, azeite de oliva extra virgem, oleaginosas e sardinha enlatada em óleo. Houve diminuição dos carboidratos simples, inclusão de fibras como aveia em flocos, frutas e legumes diariamente, 2 porções de cada, uma vez que a história dietética do paciente se resumiu em duas refeições ao dia, com arroz e carne, devido ao etilismo crônico. Foram realizadas atividades de educação nutricional para melhor adesão ao tratamento dietoterápico. Contudo, mesmo com a dificuldade do paciente em aderir á nova alimentação, em um período de 60 dias, foi possível evidenciar uma melhora nos parâmetros bioquímicos e redução dos valores dos exames de LDL, CT, HDL, triglicerídeos, além das enzimas hepáticas, entrando em valores de normalidade. Conclusão: A dietoterapia é essencial no tratamento e melhora das hepatopatias e a adequação dos exames bioquímicos. No caso das hepatopatias crônicas se torna essencial a mudança de alimentação e estilo de vida, muitas vezes simples, sem custos altos, para recuperação da saúde e redução da mortalidade.
References
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.
CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução RDC nº 306, de 24 de março de 2003. Dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica, revoga a resolução nº 236, de 2000 e dá outras providências. Brasília, DF: CFN, 2003. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/Res_306_2003.htm Acesso em: 14.jan.2020
Chalasani N, Younossi Z, Lavine JE, Diehl AM, Brunt EM, Cusi K, Charlton M, Sanyal AJ. The diagnosis and manegement of non-alcoholic fatty liver disease: practice guideline by the American association of study of liver diseases, American College of Gastroenteroly and American Gastroenterological Association. Hepatology, v. 55. n. 5, p. 2005- 2023, 2012.
JESUS, R. P. et al. Terapia nutricional nas doenças hepáticas crônicas e insuficiência hepática. São Paulo: Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina, p. 11-19, 2011.
JESUS, R.P. Nutrição e Hepatologia – Abordagens Terapêuticas Clínica e Cirurgica. Edição 1. Rio de Janeiro. Rubio. 2014.
MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause, alimentos, nutrição & dietoterapia. editora roca, 14º edição, 2018.
Mazza RPJ, Santana MLP, Oliveira LPM. Doença hepática crônica. In: Cuppari L. Nutrição: nas doenças crônicas não transmissíveis. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2009. p. 331-433.
McCullough AJ. Pathophysiology of nonalcoholic steatohepatitis. J Clin Gastroenterol 2006;40:17-29.
Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. Hepatites Virais. 7° Edição. Brasília, 2009.
Nompleggi DJ, Bonkovsky HL. Nutritional supplementation in chronic liver disease: an analytical review. Hepatology 1994; 19:518-33
Plauth M. Cabré E., Riggio O., Assis-Camilo M., Pirlich M., Kondrup J; DGEM (German Society for Nutritional Medicine); Ferenci P., Holm E., Vom Dahl S., Muller MJ., Nolte W., ESPEJ (European Society for Parenteral and Enteral Nutrition). ESPEN guidelines on enteral nutrition, lever disease. Clin Nut. 2006, 25(2):285-94
Polaris Observatory HCV Collaborators. Global prevalence and genotype distribution of hepatitis Cbvirus infection in 2015: a modelling study. Lancet Gastroenterol Hepatol. 2017 Mar;2(3):161-76.
Sarin SK, Dhingra N, Bansal A, Malhotra S, Guptan RC. Dietary and nutritional abnormalities in alcoholic liver disease: a comparison with chronic alcoholics without liver disease. Am J Gastroenterol 1997; 92:777-83
Sociedade Brasileira de Hepatologia. Sociedade Brasileira de Infectologia. Consenso. Recomendações das Sociedades Brasileiras de Hepatologia (SBH) e Infectologia (SBI) para o tratamento da hepatite C no Brasil com novos medicamentos antivirais de ação direta (DAAs). Braz J Infect Dis. 2016 mar;20(2Supl 1):S2-7.
Suzuki A, Diehl AM. Nonalcoholic Steatohepatitis. Annual review of medicine. 2017; 68:85-98.
Sweet PH, Khoo T, Nguyen S. Nonalcoholic Fatty Liver Disease. Primary care. 2017; 44(4):599-607
Thoma C, Day CP, Trenell MI. Lifestyle interventions for the treatment of nonalcoholic fatty liver disease in adults: a systematic review. Journal of hepatology. 2012;56(1):255-66.
World Gastroenterology Organization Global Guideline. Doença Hepática Gordurosa não alcoolica e a esteatohepatite não alcoolica. Junho, 2012.
Zivkovic AM, German JB, Sanyal AJ. Comparative review of diets for the metabolic syndrome: implications for nonalcoholic fatty liver disease. AM J Clin Nutr. v. 86, p. 285-300, 2009.