Processos de medicalização da infância: Estudo de caso de um aluno com diagnóstico de tdah / Processes of medicalization of childhood: A case study of a student diagnosed with tdah

Authors

  • Beatriz P. Spinassé Duarte
  • Jair Ronchi Filho
  • Elizabete Bassani
  • Márcia Izabel Coutinho

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n10-55

Keywords:

Educação Inclusiva, Medicalização, TDAH.

Abstract

O presente artigo é resultado de parte dos estudos da dissertação “Crianças que não aprendem na escola: problematizando processos de medicalização e patologização das infâncias”. Partindo da compreensão de que a medicalização é um processo que enxerga um problema que não é de ordem biológica como sendo, sugerindo a ele causa e solução médicas, discutimos a postura da escola que, embora defenda a inclusão e se conceitue inclusiva, muitas vezes, sob a égide da hegemonia, segrega, rotula e patologiza crianças que considera diferentes do que convencionou como “normal”. Essa perspectiva equivocada, impõe a padronização, definindo o modelo ideal de sujeito e normatizando os diferentes modos de ser. Objetivamos então, problematizar a imposição e busca pela norma, e como esta corrobora com a medicalização da infância. A pesquisa assumiu um caráter de pesquisa-intervenção, e foi delineada pelo método cartográfico, sendo seus passos conduzidos por meio de pistas seguidas à medida em que acompanhamos os processos em curso. O território existencial da pesquisa foi uma escola pública de ensino fundamental, mais especificamente um projeto de intervenção pedagógica que atendeu um grupo de crianças com queixas escolares. Neste texto, trazemos um recorte dos resultados encontrados na dissertação, centrando-nos na história da constituição do sujeito a partir de um diagnóstico de TDAH e ilustrando, por meio de observações e conversas com a criança, sua família e a professora, como o ambiente escolar – pautado por normas hegemônicas limitadoras – pode contribuir para a constituição de argumentos reducionistas e biologicistas que passam a mediar, intrinsecamente, as relações estabelecidas entre os âmbitos da saúde, da educação, da família e da própria criança.

References

ANGELUCCI, Carla Biancha. Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. In: VIÉGAS, Lygia de Souza et al. (Orgs). Medicalização da Educação e da Sociedade: Ciência ou mito? Salvador: Edufba, 2014.

ANGELUCCI, Carla Biancha; RODRIGUES, Isabel de Barros. Heranças Renitentes do Modelo Biomédico na Educação Especial: o que se Pe(r)de no Encontro entre Profissionais da Educação e da Saúde? In: AMARANTE, Paulo; PITTA, Ana Maria Fernandes; OLIVEIRA, Walter Ferreira de (Orgs). Patologização e medicalização da vida: epistemologia e política. São Paulo: Zagadoni, 2018.

AQUINO, JulioGroppa. Ética na escola: a diferença que faz diferença. In: AQUINO, JulioGroppa (Org.). DIFERENÇAS E PRECONCEITOS NA ESCOLA: Alternativas Teóricas e Práticas. São Paulo: Summus, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICT DE ATENÇÃO ABDA. Sobre TDAH – Diagnóstico em crianças – SNAP IV. 2012. Disponível em: <https://tdah.org.br/br/sobre-tdah/diagnostico-criancas.html>. Acesso em 9 mar. 2020.

CAPONI, Sandra. Vigiar e medicar: o DSM e os transtornos ubuescos na infância. In: CAPONI, Sandra; VÁSQUEZ-VALENCIA, Maria Fernanda; VERDI, Marta (Orgs). Vigiar e medicar: estratégias de medicalização da infância. São Paulo: LiberArs, 2016.

COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. Preconceitos no cotidiano escolar: ensino e medicalização. São Paulo: Ed. autor, 2015.

ESTEBAN, Maria Teresa. Muitas começos para muitas histórias. In: COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; RIBEIRO, Mônica C. França (Orgs.). Novas capturas, antigos diagnósticos na era dos transtornos. Campinas: Mercado das Letras, 2013.

FREITAS, Fernando; AMARANTE, Paulo. Medicalização em Psiquiatria. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2015.

FOUCAULT, M.Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

FOUCAULT, M.Segurança, território, população. Curso no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

KASTRUP, V. O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. (Orgs). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012.

MANIFESTO do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. In: Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. São Paulo, 2010. Disponível em: http://medicalizacao.org.br/manifesto-de-lancamento-do-forum-sobre-medicalizacao-da-educacao-e-da-sociedade/. Acesso em: 10 mar. 2020.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. Medicalização do comportamento e da aprendizagem: a nova face do obscurantismo. In: VIÉGAS, Lygia de Souza et al. (Orgs). Medicalização da Educação e da Sociedade: Ciência ou mito? Salvador: Edufba, 2014.

MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; COLLARES, Cecília Azevedo Lima. Medicalização: o obscurantismo reinventado. In: COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; RIBEIRO, Mônica C. França (Orgs.). Novas capturas, antigos diagnósticos na era dos transtornos. Campinas: Mercado das Letras, 2013.

PANI, Sabrina Gasparetto Braga; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Da Medicalização à Multideterminaçãp da Queixa Escolar: O Caso do TDAH. In: AMARANTE, Paulo; PITTA, Ana Maria Fernandes; OLIVEIRA, Walter Ferreira de (Orgs). Patologização e medicalização da vida: epistemologia e política. São Paulo: Zagadoni, 2018.

RODRIGUES, Maria Goretti Andrade; AMARANTE, Paulo. Por Outras Relações na Escola pela Lógica da Desmedicalização: Cartografia de Mediação Escolar com Crianças Autistas. In: AMARANTE, Paulo; PITTA, Ana Maria Fernandes; OLIVEIRA, Walter Ferreira de (Orgs). Patologização e medicalização da vida: epistemologia e política. São Paulo: Zagadoni, 2018.

UNTOIGLICH, Gisela (et al.)Enlainfancialos diagnósticos se escribenconlápiz. La patologización de las diferencias enla clínica y laeducación. Revista Psicología, Conocimiento y Sociedad 3 (2), 169 – 173. 2013. Disponível em: www.http://revista.psico.edu.uy.

UNTOIGLICH, Gisela. Usos biopolíticos do suposto transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: que lugar para o sofrimento psíquico na infância? In: COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso; RIBEIRO, Mônica C. França (Orgs.). Novas capturas, antigos diagnósticos na era dos transtornos. Campinas: Mercado das Letras, 2013.

WHITAKER, Robert. Transformando crianças em pacientes psiquiátricos: fazendo mais mal do que bem. In: CAPONI, Sandra; VÁSQUEZ-VALENCIA, Maria Fernanda; VERDI, Marta (Orgs). Vigiar e medicar: estratégias de medicalização da infância. São Paulo: LiberArs, 2016.

Published

2021-10-07

How to Cite

Duarte, B. P. S., Filho, J. R., Bassani, E., & Coutinho, M. I. (2021). Processos de medicalização da infância: Estudo de caso de um aluno com diagnóstico de tdah / Processes of medicalization of childhood: A case study of a student diagnosed with tdah. Brazilian Journal of Development, 7(10), 95549–95561. https://doi.org/10.34117/bjdv7n10-55

Issue

Section

Original Papers