Avaliação do perfil psicopatológico de acadêmicos de medicina e sua correlação com níveis de cortisol / Evaluation of the psychopathological profile of medical students and its correlation with cortisol levels

Authors

  • Caroline Queiróz Silva Brazilian Journals Publicações de Periódicos, São José dos Pinhais, Paraná
  • Jakson Silvio Stachelski
  • Alexandre Martins Aprígio Lopes
  • Júlio César Bortolossi
  • Eriston Vieira Gomes

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n4-690

Keywords:

Cortisol, Estresse, Ansiedade, Depressão, Acadêmicos de medicina.

Abstract

Introdução: O curso de graduação em medicina possui uma carga horária elevada, além de inúmeras cobranças institucionais, sociais e responsabilidades que levam os acadêmicos à uma condição de estresse constante. Tais condições, podem dar origem a alterações de ordem hormonal e transtornos de ansiedade e depressão. O cortisol é um hormônio produzido pelo córtex das glândulas suprarrenais, regulando o fornecimento de substratos metabólicos para o corpo, bem como função anti-inflamatória, controle da pressão arterial e é liberado em situações de estresse físico ou psicológico, com o objetivo de recuperar a homeostase sistêmica. Objetivos: Neste presente trabalho, foram avaliados os níveis de cortisol salivar e sua possível relação com os níveis de ansiedade e depressão em acadêmicos do curso de medicina da Faculdade Morgana Potrich (FAMP), durante a semana de avaliação institucional. Métodos: Amostras de saliva de 92 acadêmicos do curso de medicina foram coletadas utilizando swabs de alta absorção, identificados de forma numérica e devidamente acomodados em bolsa térmica para o envio a um laboratório para análise dos níveis de cortisol. Os níveis de ansiedade e depressão foram também avaliados a partir dos Inventários de Ansiedade e Depressão de Beck (BDI). Resultados: Os níveis de cortisol salivar, em média, se mantiveram dentro dos valores de referência, porém, quando avaliado individualmente, foram observados indivíduos com níveis preocupantes, tanto abaixo quanto acima dos níveis normais, chegando até a níveis considerados patológicos. A análise dos níveis de ansiedade indicou que 57,6% dos acadêmicos analisados apresentaram algum grau de ansiedade, sendo que 10,8% foram classificados como graves. A análise dos níveis de depressão indicou que aproximadamente 35,8% dos acadêmicos apresentaram algum grau de depressão, e 3,3% em nível severo (especificamente no sexo feminino). Análises estatísticas utilizando a correlação de Spearman, indicaram correlação significativa entre ansiedade/cortisol (p = 0,0348) e ansiedade/depressão (p ? 0,0001). Conclusão: Os dados observados no presente trabalho indicam que, a rotina desses estudantes, associada a fatores pessoais e psicológicos podem ocasionar alteração na cortisolemia e consequentemente transtornos de ansiedade e quadros de depressão. Assim, é do interesse tanto da sociedade civil quanto institucional, o acompanhamento da saúde física e mental desses futuros profissionais, tendo em vista que o estresse, bem como os altos níveis de cortisol por períodos prolongados, desencadeiam malefícios ao organismo e ao aprendizado propriamente dito, podendo resultar em episódios de ansiedade, depressão, evasão institucional e, em casos extremos, até mesmo ao suicídio.

References

AARDAL, E.; HOLM, A. Cortisol in Saliva - Reference Ranges and Relation to Cortisol in Serum. Clinical Chemistry and Laboratory Medicine, v. 33, n. 12, 1995. Disponível em: <https://www.degruyter.com/view/j/cclm.1995.33.issue-12/cclm.1995.33.12.927/cclm.1995.33.12.927.xml>. Acesso em: 21 jul. 2020.

AGUIAR, S. M. et al. Prevalence of stress symptoms among medical students. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 58, n. 1, p. 34–38, 2009a.

ALMEIDA, R. F.C. Estudo comparativo dos níveis de cortisol salivar e stress em professores estagiários de Educação Física. Universidade de Coimbra (dissertação de Mestrado). Coimbra, Portugal, 2009.

ALVES, J. G. B. et al. Qualidade de vida em estudantes de Medicina no início e final do curso: avaliação pelo Whoqol-bref. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 34, n. 1, p. 91–96, mar. 2010

ANUNCIAÇÃO, L. et al. Psychometric aspects of the Beck Depression Inventory-II and the Beck Depression Inventory for Primary Care in Facebook users. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 68, n. 2, p. 83–91, jun. 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Aristides Volpato Cordioli. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM 5. 5°. ed. atual. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2014. ISBN 978-85-8271-183-5.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Quevedo.J; Nardi, A.E; Silva, A.G; Depressão teoria e clínica. 2°. ed. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2019. ISBN 978-85-8271-520-8.

BARTHOLOMEU, D. et al. Traços de personalidade, ansiedade e depressão em jogadores de futebol. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte , São Paulo, v. 3, n. 4, p. 98-114, 2010. DOI 10.31501/rbpe.v3i1.9294. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/317464428_Tracos_de_personalidade_ansiedade_e_depressao_em_jogadores_de_futebol. Acesso em: 1 jul. 2020.

BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T.; GONÇALVES, M. B. Emotional disorders during medical training: a longitudinal study. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n. 1, p. 10–23, mar. 2009.

BOUDARENE, M; LEGROS, J.J; TIMSIT-BERTHIER, M. Estudo da resposta ao estresse: papel da ansiedade, cortisol e DHEAs. L'encephale. Mar-abril de 2002; 28 (2): 139-146.Disponível em: https://europepmc.org/article/med/11972140. Acesso em: 09/08/2020

COHEN, S.; WILLIAMSSON, G. M. Perceived Stress in a Probability Sample of the Unnited States. The Social Psychology of Health. Newbury Park, CA: Sage, 1988

CUNHA, J. A. Escalas de Beck. 1a Edição. USA: The Psychological Corporation, 2011.

DAHLIN, M.; JONEBORG, N.; RUNESON, B. Stress and depression among medical students: a crosssectional study. Medical Education, v. 39, n. 6, p. 594–604, 2005. doi:10.1111/j.1365-2929.2005.02176.x

Divisão de Laboratório Central – HC FM USP | Site institucional da DLC. Disponível em: <http://dlc.edm.org.br/app/exame.aspx?id=1181&pa=PG>. Acesso em: 21 jul. 2020.

FIKSDAL, A. et al. Associations Between Symptoms of Depression and Anxiety and Cortisol Responses to and Recovery from Acute Stress. Psychoneuroendocrinology, v. 102, p. 44–52, abr. 2019a.

FIOROTTI, K. P. et al. Transtornos mentais comuns entre os estudantes do curso de medicina: prevalência e fatores associados. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 1, p. 17–23, 2010.

GONZÁLEZ-CABRERA, J. et al. Acute and chronic stress increase salivary cortisol: a study in the reallife setting of a national examination undertaken by medical graduates. Stress, v. 17, n. 2, p. 149–156,mar. 2014.

GORENSTEIN, C; ANDRADE, L. H. S. G.. Validation of a Portuguese version of the Beck Depression Inventory and State-Trait anxiety inventory in Brazilian subjects. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 29(4), 453–457,1996.

GUYTON et al. Tratado de fisiologia médica: Guyton & Hall. 13. ed.: Elsevier Editora Ltda., 2017. p. 753-977.

HANNIBAL, K. E.; BISHOP, M. D. Chronic Stress, Cortisol Dysfunction, and Pain: A Psychoneuroendocrine Rationale for Stress Management in Pain Rehabilitation. Physical Therapy, v. 94, n. 12, p. 1816–1825, 1 dez. 2014. https: / /doi.org/10.2522/ptj.20130597

HARRIS, P et al. Biological and Hormonal Aspects of Postpartum Depressed Mood: Working Towards Strategies for Prophylaxis and Treatment. British Journal of Psychiatry, [s. l.], v. 1776, ed. 6, p. 505 - 510, 2000. DOI https://doi.org/10.1192/bjp.177.6.505. Acesso em: 16 nov. 2020.

HERBERT, J. Cortisol and depression: three questions for psychiatry. Psychological medicine, v. 43, p. 1–21, 8 maio 2012.

JACOBSON, N. C.; NEWMAN, M. G. Anxiety and depression as bidirectional risk factors for one another: A meta-analysis of longitudinal studies. Psychological Bulletin, v. 143, n. 11, p. 1155–1200, nov. 2017.

JOCA, S. R. L.; PADOVAN, C. M.; GUIMARÃES, F. S. Estresse, depressão e hipocampo. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 25, p. 46–51, dez. 2003.

KENDLER, K.S et al. Stressful Life Events, Genetic Liability, and Onset of an Episode of Major Depression in Women. The American Journal of Psychiatry, [s. l.], v. 152, ed. 6, p. 833-842, 1 jun. 2095. Disponível em: https://ajp.psychiatryonline.org/doi/10.1176/ajp.152.6.833?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed. Acesso em: 24 jun. 2020.

LOSIAK W, LOSIAK-PILCH J. Cortisol Awakening Response, Self-Reported Affect and Exam Performance in Female Students. Appl Psychophysiol Biofeedback. 2020 Mar;45(1):11-16. doi: 10.1007/s10484-019-09449-9. PMID: 31486985; PMCID: PMC7018672

LUGARINHO, L. P; AVANCI, J. Q; PINTO, L.W. Perspectivas dos estudos sobre violência na adolescência e cortisol: revisão bibliográfica sistemática. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 1321-1332, abr. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232017224.02382016. Acesso em 31 maio 2020.

MARCUS, M. et al. Depression: A Global Public Health Concern. WHO Department of Mental Health and Substance Abuse, [s. l.], 2012.Disponível em:https://www.who.int/mental_health/management/depression/who_paper_depression_wfmh_2012.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021

MAYER, S. E. et al. Chronic stress, hair cortisol and depression: A prospective and longitudinal study of medical internship. Psychoneuroendocrinology, v. 92, p. 57–65, jun. 2018.4

MENDES, M. F. et al. Depressão na esclerose múltipla forma remitente-recorrente. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, v. 61, n. 3A, p. 591-595, setembro de 2003. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2003000400012. Acesso em: 13 nov. 2018..

NOGUEIRA-MARTINS, L. A. Saúde mental dos profissionais de saúde. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 1, n. 1, p. 59–71, 2003.

OLIVEIRA, G. F. O estresse e suas consequências na qualidade de vida dos acadêmicos de medicina da UFAM. Projeto de iniciação científica apoiado e financiado pela Universidade federal do Amazonas; Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação. p. 48 ,2010

PAULA, G. M. R. et al. Depressive Symptoms in Medical Students and Their Association with Hormonal and Socioeconomic Variables. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 4, 2020. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-55022020000400209&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 2 nov. 2020.

PLATJE, E. et al. Long-term stability of the cortisol awakening response over adolescence. Psychoneuroendocrinology, [s. l.], v. 38, ed. 2, p. 271-280, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2012.06.007. Acesso em: 8 fev. 2021.

ROCHA, M. C. P. et al. Estresse em enfermeiros: o uso do cortisol salivar no dia de trabalho e de folga. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 47, n. 5, p. 1187-1194, Oct. 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420130000500025. Acesso em 31 Mai.2020. .

ROSA, T. G. Influência dos agentes estressores no aumento dos níveis de cortisol plasmático. Universidade de Rio Verde (UniRV), 2016. 46f. Figs. Monografia – Bacharelado em Farmácia, Faculdade de Farmácia,

SADOCK, B.J et al. Compêndio de Psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2017. ISBN 978-85-8271-379-2.

SARAIVA, E. M.; FORTUNATO, J. M. S. Oscilações do cortisol na depressão e sono/vigília. Revista Portuguesa de Psicossomática. Portugal, v. 7, n. 1/2, p. 90-100, janeiro/dezembro 2005.

SHAH, M. et al. Perceived Stress, Sources and Severity of Stress among medical undergraduates in a Pakistani Medical School. BMC Medical Education, v. 10, n. 1, p. 2, 15 jan. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1186/1472-6920-10-2. Acesso em 06 de Ago de 2020.

SILVA, R. A. O. Estresse docente, níveis de cortisol e óxido nítrico salivar: um estudo com professores da educação básica. 2017. 101 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2017.

SOARES, A. J. A; ALVES, M. G. P. Cortisol como variável em psicologia da saúde. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v. 7, n. 2, p. 165-177, 2006. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862006000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 31 maio 2020.

SOEIRO-DE-SOUZA, M. G. et al. Novel therapeutic targets for major depressive disorder. In: CARVALHO, A.F; MCINTYRE, R.S. (ed.). Treatment-Resistant Mood Disorders. 1. ed. [S. l.]: Oxford University Press, 2015. cap. 13, p. 135-147. ISBN 978-0-19-870799-8.

STEPTOE, A., KUNZ-EBRECHT, S. et al. Socio-economical status and stress-related biological responses over the working day. Psychosomatic Medicine, 65, 461-470. 2003

STETLER, C.; MILLER, G. E. Depression and Hypothalamic-Pituitary-Adrenal Activation: A Quantitative Summary of Four Decades of Research: Psychosomatic Medicine, v. 73, n. 2, p. 114–126, fev. 2011

Published

2021-04-30

How to Cite

Silva, C. Q., Stachelski, J. S., Lopes, A. M. A., Bortolossi, J. C., & Gomes, E. V. (2021). Avaliação do perfil psicopatológico de acadêmicos de medicina e sua correlação com níveis de cortisol / Evaluation of the psychopathological profile of medical students and its correlation with cortisol levels. Brazilian Journal of Development, 7(4), 43490–43510. https://doi.org/10.34117/bjdv7n4-690

Issue

Section

Original Papers