Avaliação do uso de toxina botulinica a em pacientes portadores de microcefália secundaria a síndrome do vírus zika congenito / Evaluation of the use of botulinic toxin in patients with microcephaly seconding the congenital zika virus syndrome

Authors

  • Brauner de Souza Cavalcanti
  • Eduardo Cirne Pedrosa de Oliveira
  • Thiago Danillo Rodrigues de Almeida
  • Francisco Cabral de Oliveira Neto
  • Vinicius Gueiros Buenos Aires
  • Herison Franklin Viana de Oliveira
  • Epitácio Leite Rolim Filho

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv7n2-240

Keywords:

zika congênito, espasticidade, microcefalia, toxina botunilica A, botox.

Abstract

Introdução: A Síndrome do Vírus Zika Congênito (SZC) é caracterizada por principalmente anormalidades neurológicas, causadas por um neurotropismo característico do vírus. A microcefalia, um sinal definido por um perímetro cefálico inferior a dois desvios-padrão da média específica para o sexo e idade gestacional, está associada com manifestações neuromusculares, destacando-se a espasticidade muscular.

A espasticidade na microcefalia é fisiopatologicamente similar a dos portadores de paralisia cerebral (PC), causando efeitos debilitantes funcionais, além de dor e diminuição na qualidade de vida desses pacientes.

Neste sentido, o uso a toxina botulínica A (BTX A) tem sido utilizada e comprovada como segura e eficaz no tratamento da espasticidade nos portadores de PC. Entretanto, na literatura atual, há uma escassez de estudos que descrevem os efeitos da BTX A em crianças com microcefalia que apresentam espasticidade.

Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a resposta ao tratamento com BTX A em crianças com microcefalia menores de dois anos de idade secundaria a SZC, que apresentam espasticidade.

Materiais e Métodos: Os dados de 32 pacientes com idade inferior a 2 anos, com microcefalia secundária a SZC, foram coletados e analisados antes e após a injeção de BTX A para reduzir a contração muscular da área tratada. A aplicação foi realizada por um corpo fixo de médicos ortopedistas do serviço onde foi realizada a coleta de dados. Após o tratamento, os resultados foram medidos conforme evolução clínica, angulação de mobilidade muscular e diminuição da contratilidade motora, além da melhora funcional. Os dados qualitativos relacionados a melhora da qualidade vida foram colhidos através do questionário SF-36 que foi respondido pelos responsáveis dos pacientes.

Os dados coletados foram colocados em tabelas de contingencia e submetidos a análise estatística.

Resultados: Os pacientes apresentaram melhora clínica estatisticamente significativa (p<0,05), com diminuição do grau de espasticidade nos músculos tratados, e da amplitude de movimento dos mesmos. Todos esses fatores tiveram impacto positivo e estatisticamente significativo (p<0,05) na qualidade de vida dos pacientes, avaliada pelo questionário SF-36.

Conclusão: A aplicação de toxina botulínica diminuiu significativamente a espasticidade em crianças com microcefalia, teve repercussão positiva tanto em aspectos clínicos como na qualidade de vida dos pacientes, devendo ser considerada no manejo desses pacientes

References

Anderson KB, Thomas SJ, Endy TP. The Emergence of Zika Virus. Annals of Internal

Medicine [Internet]. 2016 May 3;165(3):175..

Ministério da Saúde. Monitoramento dos casos de dengue, febre de chikungunya e

febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 7 de 2018. Secretaria de

Vigilância em Saúde. Vol 49 Nº 9. 2018.

Ministério da Saúde. Monitoramento integrado de alterações no crescimento e

desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias

infecciosas, até a Semana Epidemiológica 28/2017. Secretaria de Vigilância em

Saúde. Vol 48. Nº 24. 2017.

Petersen LR, Jamieson DJ, Powers AM, Honein MA. Zika Virus. Baden LR, editor.

New England Journal of Medicine. 2016 Apr 21;374(16):1552–63.

Nowakowski TJ, Pollen AA, Di Lullo E, Sandoval-Espinosa C, Bershteyn M, Kriegstein AR. Expression Analysis Highlights AXL as a Candidate Zika Virus Entry Receptor in Neural Stem Cells. Cell Stem Cell. 2016 May;18(5):591–6.

Garcez PP, Loiola EC, Madeiro da Costa R, Higa LM, Trindade P, Delvecchio R, et al. Zika virus impairs growth in human neurospheres and brain organoids. Science. 2016 Apr 10;352(6287):816–8.

Ventura CV, Maia M, Dias N, Ventura LO, Belfort R Jr. Zika: neurological and ocular findings in infant without microcephaly. The Lancet. 2016 Jun;387(10037):2502.

van der Linden, V. Description of 13 infants born during October 2015–January 2016 with congenital Zika virus infection without microcephaly at birth—Brazil. MMWR. Morbidity and mortality weekly report, 2016;65.

Cavalcanti DD, Alves LV, Furtado GJ, Santos CC, Feitosa FG, Ribeiro MC, et al. Echocardiographic findings in infants with presumed congenital Zika syndrome: Retrospective case series study. PLOS ONE 2017;12:e0175065

Costello A, Dua T, Duran P, Gülmezoglu M, Oladapo OT, Perea W, et al. Defining thesyndrome associated with congenital Zika virus infection. Bulletin of the World HealthOrganization. 2016 Jun 1;94(6):406–406A

Woods CG. Human microcephaly. Current Opinion in Neurobiology 2004;14:112.

Lisa S, Helen R.Botulinum toxin type A for upper limb spasticity after stroke. Expert Rev. Neurother. 2009;9:1713-25.

Abdel MB, Benjamin Z, Pascal M, et al. The profile of patients and current practice of treatment of upper limb muscle spasticity with toxin botulinum type A: an international survey. Int J Rehabil Research 2010;00:1-6.

Simpson DM, Alexander DN, O´Brien CF, et al. Botulinum toxin type A in the treatment of upper extremity spasticity: A randomized, double-blind, placebo- controlled trial. Neurology 1996;46:1306-10.

Ashwal S, Michelson D, Plawner L, Dobyns WB. Practice Parameter: Evaluation of the child with microcephaly (an evidence-based review): Report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology and the Practice Committee of the Child Neurology Society. Neurology 2009;73(11):887–897.

Bakoudah E., Glader L. Cerebral palsy: Treatment of spasticity, dystonia, and associated orthopedic issues. Patterson MC., Phillips WA. Sec Ed., Armsby C. Dep Ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc https://www.uptodate.com/contents/cerebral-palsy-treatment-of-spasticity-dystonia-and-associated-orthopedic-issues/print?search=cerebral%20palsy&source=search_result&selectedTitle=5~150&usage_type=default&display_rank=5#H3489645082 (accessed in September, 09, 2019)

Royal College of Physicians, British Society of Rehabilitation Medicine, Chartered Society of Physiotherapy and Association of Chartered Physsiotherapists Interested in Neurology. Spasticity in adults: management using botulinum toxin. National guidelines. Royal College of Physicians, London, UK. 2009.

Abdel MB, Benjamin Z, Pascal M, et al. The profile of patients and current practice of treatment of upper limb muscle spasticity with toxin botulinum type A: an international survey. Int J Rehabil Research 2010;00:1-6.

Pascual-Pascual SI, Pascual-Castroviejo I. Safety of botulinum toxin type A in children younger than 2 years. European Journal of Paediatric Neurology 2009;13:511–5.

Molenaers G, Van Campenhout A, Fagard K, De Cat J, Desloovere K. The use of botulinum toxin A in children with cerebral palsy, with a focus on the lower limb. Journal of Children’s Orthopaedics 2010;4:183–95

Moore AP, Ade-Hall RA, Smith CT, Rosenbloom L, Walsh HPJ, Mohamed K, et al. Two-year placebo-controlled trial of botulinum toxin A for leg spasticity in cerebral palsy. Neurology 2008;71:122–8

Greene P, Fahn S, Diamond B. Development of resistance to botulinum toxin type A in patients with torticollis. Movement Disorders 2004;9:213–7.

Published

2021-02-11

How to Cite

Cavalcanti, B. de S., Oliveira, E. C. P. de, Almeida, T. D. R. de, Neto, F. C. de O., Aires, V. G. B., Oliveira, H. F. V. de, & Filho, E. L. R. (2021). Avaliação do uso de toxina botulinica a em pacientes portadores de microcefália secundaria a síndrome do vírus zika congenito / Evaluation of the use of botulinic toxin in patients with microcephaly seconding the congenital zika virus syndrome. Brazilian Journal of Development, 7(2), 15223–15238. https://doi.org/10.34117/bjdv7n2-240

Issue

Section

Original Papers