Segurança Hídrica, Riscos e Conflitos na Instalação de Usinas Hidrelétricas: A Experiência de Comunidades Vulneráveis na Amazônia / Water Security, Risks and Conflicts in the Installation of Hydroelectric Plants: the Experience of Vulnerable Communities in the Amazon Region

Authors

  • Kleverton Melo Carvalho
  • Maria Elisabete Pereira Santos
  • Alessandra Cabral Nogueira Lima
  • Jefferson David de Araújo Sales
  • Mai-Ly Vanessa Almeida Saucedo Faro
  • Edjane Maria Oliveira Silva

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv6n11-568

Keywords:

Segurança hídrica, conflitos, usinas hidrelétricas, Amazônia

Abstract

A noção de Segurança Hídrica tem sido comumente adotada como a disponibilidade de água segura para pessoas, ecossistemas e iniciativa econômica. Neste âmbito, a dimensão dos conflitos tem sido emergente na Amazônia, em especial entre poder público, usinas hidrelétricas, comunidades e defensores dos ecossistemas, no qual o lado mais prejudicado é quase sempre o dos mais vulneráveis. O objetivo central deste trabalho é analisar experiências de indígenas e ribeirinhos, no contexto da segurança hídrica, riscos e conflitos decorrentes da instalação de usinas hidrelétricas na Amazônia. A abordagem e o método utilizados são de inspiração fenomenológica, cujo objeto são os sentidos atribuídos à experiência vivida. Como fontes de evidência, foram investigados 16 estudos acadêmicos sobre os impactos das hidrelétricas nas experiências de comunidades indígenas e ribeirinhas, no contexto da segurança e do risco. Os resultados nos mostram que no processo de instalação de usinas hidrelétricas os territórios indígenas e das comunidades ribeirinhas vivenciam um processo de violência similar ao período de ocupação portuguesa, resultando em um sentido de morte na capacidade de reprodução sociocultural dos vulneráveis, o que finda por gerar ao país uma perda irreparável em seu patrimônio imaterial.

 

References

ALBRECHT, T.; CROOTOF, A.; SCOTT, C.; The water-energy-food nexus: a systematic review of methods for nexus assessment. Environmental Research Letters. v. 13. n. 4. 2018. DOI: https://doi.org/10.1088/1748-9326/aaa9c6. Disponível em: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/aaa9c6. Acesso em: 05 out. 2020.

ALVESSON, M.; SKOLDBERG, K. Reflexive methodology: new vistas for qualitative research. London: Sage, 2000.

BARBOSA, F. E. F.; GIONGO, C. R.; MENDES, J. M. R. Construção de hidrelétricas e populações atingidas no Brasil: uma revisão sistemática. Aletheia, v. 51, n. 1 e 2, p.165-176. 2018. Disponivel em: http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/aletheia/article/view/4920 Acesso em: 10 out. 2020.

BATISTA, C. G.; SOUZA, D. S. Perfil econômico de Rondônia pós-instalação das usinas hidrelétricas do rio madeira. In: XIX ENGEMA - Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente. Dez. 2017. São Paulo. Anais [...]. São Paulo: USP, 2017. Disponível em: http://engemausp.submissao.com.br/19/anais/arquivos/451.pdf. Acesso em: 23 out. 2020.

BECK, U. Ecological politics in an age of risk. New York: John Wiley & Sons, 2015.

BERNARDES, A.; AGUIAR, F. O território como experiência: ensaio de geografia fenomenológica existencial. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente v. 2, n. 42, Número Especial “Múltiplas e Microterritorialidades nas Cidades”, p. 44-62, junho, 2020. Disponivel em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/viewFile/7882/5681 Acesso em: 20 set. 2020.

BERNARDO, C. de P. O Processo decisório em reassentamentos forçados de atingidos por barragens: o caso de nova mutum Paraná. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Rondônia. Porto velho. 2019. 130f. Disponível em: https://www.ri.unir.br/jspui/handle/123456789/3023. Acesso em: 01 Jan. 2020

BURZYNSKI, J.; BURZYNSKI, T. Taming risk: uncertainty, trust and the sociological discourse of modernity. Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, 2014.

CARVALHO, K. M. Seguridad hídrica internacional: Insights desde el enfoque precautorio In: MINAVERRY, C. M.; ECHAIDE, J. (Coord). Revista Jurídica de Buenos Aires. V. 1 Numero “Derecho de Aguas y Derecho Ambiental”, p. 189-210,2016 Disponivel em: http://www.derecho.uba.ar/publicaciones/rev_juridica/pub_rj2016-i.php Acesso em: 05 Jan. 2017.

CARVALHO, K. M. Governança de riscos hidro-climáticos na Amazônia Sul - Ocidental: em busca de um modelo sistêmico alternativo. 2019. Tese doutorado. (Doutorado em Administração) - Universidade Federal da Bahia. Salvador. 2019a. 302 f. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/32152/1/Kleverton%20Melo%20de%20Carvalho.pdf. Acesso em: 09 set. 2019

CARVALHO, K. M. The global water security: an approach for multilevel governance on hydric resources. International Journal of Innovation and Sustainable Development, v. 13, n. 1, p. 57-78, 2019b. Disponivel em: https://econpapers.repec.org/article/idsijisde/v_3a13_3ay_3a2019_3ai_3a1_3ap_3a57-78.htm Acesso em: 03 mar. 2020.

CARVALHO, K. M. et al. Rio abaixo, rio acima: o pescador, o rio e os riscos no baixo são francisco. Ambiente & Sociedade [on-line], v. 23, e00931, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20180093r1vu2020l1ao. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/asoc/v23/pt_1809-4422-asoc-23-e00931.pdf. Acesso em: 23 out. 2020.

CAVALCANTI, E.; TORQUATO, C. C. A.; DIAS, K. W. da S. As hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau: dano socioambiental e seus reflexos sobre o reassentamento Nova Mutum Paraná. REJUR - Revista Jurídica da UFERSA, Mossoró, v. 4, n. 7, jan./jun., p. 173-192, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/rejur/issue/download/231/Leia%20a%20Edi%C3%A7%C3%A3o%20Completa. Acesso em: 25 out. 2022.

CLAVAL, P. O território na transição pós-modernidade. GEOgraphia, v. 1, n. 2, p. 7-26, 1999.

COSTA, E. R.; VASCONCELLOS SOBRINHO, M.; ROCHA, G. de M. Conflitos socioambientais e perspectivas de governança em Unidades de Conservação: o caso da Floresta Estadual do Amapá, Amazônia, Brasil. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 49, dezembro, p. 83-107, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v49i0.57983. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/made/article/view/57983/37459. Acesso em: 26 out. 2020

DOUGLAS, M. Risk and blame. Routledge, 2013.

FEARNSIDE, P.M. Hidrelétricas na Amazônia brasileira: questões ambientais e sociais. p. 7-22. In: FEARNSIDE, P.M. (ed.). Hidrelétricas na Amazônia: impactos ambientais e sociais na tomada de decisões sobre grandes obras. Vol. 3. Editora do INPA: Manaus. 2019 148 p.

GIORGI, A.; SOUSA, D. Método fenomenológico de investigação. Lisboa: Editora Fim de Século, 2010.

GUENTHER, L. Critical Phenomenology. In: WEISS G., MURPHY A., & SALAMON G. (Eds.), 50 Concepts for a Critical Phenomenology. EVANSTON, ILLINOIS: Northwestern University Press. p. 11-16, 2020. DOI:10.2307/j.ctvmx3j22.6.

HALL, J. W.; BORGOMEO, E. Risk-based principles for defining and managing water security. Philosophical transactions. Series A, Mathematical, physical, and engineering sciences, v. 371, no 2002, 2013. DOI: https://doi.org/10.1098/rsta.2012.0407. Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/pdf/10.1098/rsta.2012.0407 . Acesso em: 04 maio 2020.

HOLSTEIN, J.; MILLER, G. Reconsidering social constructivism: Debates in social problem theory. New York: Aldine de Gruyter, 1993.

HOPKIN, P. Fundamentals of risk management: understanding, evaluating and implementing effective risk management. London: Kogan Page Publishers, 2017.

HOWELL, K. E.; An Introduction to the Philosophy of Methodology. London: Sage Publications, 2013.

HUSSERL, E. Ideas: General introduction to pure phenomenology. New York: Routledge, 2012.

INACIO, A. R. et al. O aproveitamento da energia eólica. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, v. 8, n. 2, 2019.

LUHMANN, N. Risk: a sociological theory (communication and social order). New Jersey: Transaction Publishers, 1993.

LUPTON, D. Risk. 2. ed. London, Routledge, 2013.

MAÑEZ, M. et al. Risk Perception. In: AERTS, J.; JAROSLAV, M. Novel Multi-Sector Partnerships in Disaster Risk Management. Brussels: Project ENHANCE, p. 51-67, 2016.

MARGARIT, E. As armadilhas do discurso que envolve o processo de implantação de usinas hidrelétricas na amazônia1.Ciência Geográfica. Bauru, v. 17, n. 1, Janeiro/Dezembro, p. 150-163, 2013. Disponivel em: https://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXVII_1/agb_xvii1_versao_internet/agb_12_jandez2013.pdf Acesso em: 04 maio 2020.

MARINHO, V. de N. M. et al. Hidroelétricas na Amazônia brasileira: considerações sobre os impactos na pesca artesanal nos rios xingu (Pará) e araguari (Amapá). Vivência: Revista de Antropologia, v. 1, n. 53, 2019.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Water security and the global water agenda: a un-water analytical brief. United Nations University Institute for Water, Environment & Health (UNU-INWEH). Ontario, 2013. 47p. Disponível em: https://www.unwater.org/publications/water-security-global-water-agenda/ Acesso em: 10 out. 2020.

PAULA, F. C. de. Sobre a dimensão vivida do território: tendências e a contribuição da fenomenologia. GeoTextos, v. 7, n. 1, 2011.

PICKLES, J. Phenomenology, science, and geography: spatiality and the human sciences. Cambridge University Press. 1985.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Global Editora: 2015. 368 p.

SALAMON, G. What's critical about critical phenomenology?. Journal of Critical Phenomenology. v. 1, n. 1, p. 8-17. 2018.

SANDERS, P. Phenomenology: A new way of viewing organizational research. Academy of management review, v. 7, n. 3, p. 353-360, 1982. Disponível em: https://doi.org/10.5465/amr.1982.4285315. Acesso em: 20 out. 2020

SANTOS, M. O retorno do território. In: OSAL: Observatório Social de América Latina. Ano 6, n. 16, jun. Buenos Aires: CLACSO, 2005. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ppgdtsa/files/2014/10/Texto-Santos-M.-O-retorno-do-territorio.pdf . Acesso em: 20 out. 2020.

SEVÁ FILHO, A. Oswaldo (org.). Tenotã - mõ: alertas sobre as conseqüências dos projetos hidrelétricos no rio Xingu. São Paulo: IRN, cap. 3, p. 74-90. 2005. Disponível em: http://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/499 Acesso em: 23 out. 2020

SILVA, A. J. V. de C. Potencial eólico offshore no brasil: localização de áreas nobres através de análise multicritério. 2019. Dissertação (mestrado em Planejamento Energético) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2019. 90p.

STADDON, C.; JAMES, N.; Water Security: A Genealogy of Emerging Discourses. In: SCHNEIER-MADANES, G. Globalized Water: A Question of Governance. Springer Netherlands: 2014. p. 261-276. DOI 10.1007/978-94-007-7323-3.

Published

2020-11-26

How to Cite

Carvalho, K. M., Santos, M. E. P., Lima, A. C. N., Sales, J. D. de A., Faro, M.-L. V. A. S., & Silva, E. M. O. (2020). Segurança Hídrica, Riscos e Conflitos na Instalação de Usinas Hidrelétricas: A Experiência de Comunidades Vulneráveis na Amazônia / Water Security, Risks and Conflicts in the Installation of Hydroelectric Plants: the Experience of Vulnerable Communities in the Amazon Region. Brazilian Journal of Development, 6(11), 92084–92102. https://doi.org/10.34117/bjdv6n11-568

Issue

Section

Original Papers