Sífilis congênita e sífilis gestacional na região sudeste do Brasil: um estudo ecológico / Congenital syphilis and gestational syphilis in the southeast region of Brazil: an ecological study

Authors

  • Beatriz Carvalho de Oliveira
  • Eric Pasqualotto
  • Jéssica Soares Couto Barbosa
  • Vanessa Nascimento Daltro
  • Izadora Lima da Cruz
  • Natália Arthuso Lopes
  • Gabrielle Barcelos Dias Gonçalves
  • Isabella dos Santos Bonanni
  • Sofia Ferreira Machado
  • Stefanni de Sousa Lima
  • Mirela Pereira Lima Abrão

DOI:

https://doi.org/10.34119/bjhrv4n6-321

Keywords:

Sífilis, Sífilis Congênita, Infecções por Treponema, Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Abstract

Introdução: A Sífilis Gestacional (SG) é definida como casos em que a gestante é infectada pela bactéria Treponema pallidum durante o pré-natal, parto e/ou puerpério, enquanto a Sífilis Congênita (SC) resulta da transmissão vertical da bactéria através de gestantes não-tratadas ou tratadas inadequadamente. Tanto a SC quanto a SG são agravos de notificação compulsória no Brasil, pois a infecção fetal está relacionada com alta mortalidade fetal e neonatal precoce, além de sequelas graves. Nos últimos anos, a região Sudeste tem apresentado alta ocorrência de SG e SC em relação às outras regiões brasileiras. O objetivo desse estudo é analisar o perfil epidemiológico da Sífilis Gestacional e Sífilis Congênita na região Sudeste do Brasil, entre os anos de 2015 a 2020.  Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico de caráter observacional, transversal e quantitativo, com dados obtidos por meio da plataforma Indicadores e Dados Básicos da Sífilis nos Municípios Brasileiros, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (MS). Os fatores de inclusão foram casos de Sífilis Gestacional e Sífilis Congênita, idade gestacional, faixa etária, escolaridade, etnia, idade da criança, realização de pré-natal e esquema de tratamento da mãe, entre 2015 a 2020, na região sudeste. Resultados: Foram identificados 124.529 casos confirmados de SG, entre 2015 a 2020, no Sudeste. Ainda, 2020 foi o ano com a menor incidência de casos (n=11.588), apresentando uma queda de 57,99% em relação ao ano anterior. O perfil de gestantes mais afetado foi entre 20 a 29 anos, com ensino médio completo e da etnia parda. Em relação à sífilis congênita, identificaram-se 54.584 casos, com uma média de 9097 casos/ano. Entre 2015 e 2019 houve um aumento de 29,56%, entretanto, em 2020, observou-se uma queda de 63,88% em comparação à 2019. Conclusões: Os casos de SG e SC na região sudeste constituem um grave problema de saúde pública nos últimos anos, porém, em ambos agravos houve queda nos anos de 2020 em relação à 2019. As infecções apresentam um perfil epidemiológico bem definido, permitindo o estabelecimento de políticas públicas de saúde direcionadas aos perfis mais vulneráveis, necessário para o controle da doença na região sudeste.

References

ALVES, R. L. et al. O IMPACTO DO DESABASTECIMENTO DE PENICILINA NO TRATAMENTO DA SÍFILIS: CRISE NA RELAÇÃO ENTRE UMA DOENÇA ANTIGA E UM TRATAMENTO ANTIGO, PORÉM EFICAZ. Instituto de Ciência Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, UNIFESP – Departamento de Ciências Farmacêuticas. 2020. Disponível em: https://caec.diadema.unifesp.br/obs-med-informes/o-impacto-do-desabastecimento-de-penicilina-no-tratamento-da-sifilis-crise-na-relacao-entre-uma-doenca-antiga-e-um-tratamento-antigo-porem-eficaz. Acesso em: 20 de set. 2021.

AMORIM, E. K. R. et al. Tendência dos casos de sífilis gestacional e congênita em Minas Gerais, 2009-2019: um estudo ecológico. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2021, v. 30, n. 4. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/C9HNFpTnZV4DjHJJpkkwtGP/?lang=en#. Acesso em: 21 de set. 2021.

ARRIZABALAGA, Jon. The great pox : the French disease in Renaissance Europe. New Haven: New Haven : Yale University Press, 1997.

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico da Sífilis. 2019. Disponível em: <http://www.aids.gov.br>. Acesso em: 23 out 2021.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sífilis 2020. Boletim Epidemiológico de Sífilis. Brasília, número especial, Out. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/ptr/assuntos/media/pdf/2020/outubro/29/BoletimSfilis2020especial.pdf. Acesso em: 22 de set. 2021.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Indicadores de Vigilância em Saúde descritos segundo a variável raça/ cor, Brasil. Boletim Epidemiológico. 2017, v. 48, n.4. Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2017/fevereiro/17/Indicadores-de-Vigilancia-em-Saude-descritos-segundo-ra--a-cor.pdf. Acesso em: 22 de set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

CAMPOS, Ana Luiza de Araujo, et al. Epidemiologia da sífilis gestacional em Fortaleza, Ceará, Brasil: Um agravo sem controle. Cadernos de Saude Publica, v. 26, n. 9, p. 1747–1755, Set 2010.

BORGES, I. C. C.; MACHADO, C. J. Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP. Coordenadoria de Controle de Doença, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Guia de bolso para o manejo de sífilis em gestante e sífilis congênita. 2ª Edição. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde; 2016. Ciência & Saúde Coletiva. 2019, v. 24, n. 11. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/hxjkcNYKDKZDRW7DthFTBwH/?lang=pt#. Acesso em: 22 de set. 2021.

CARRARA, Sérgio. Sífilis : Um Ensaio De the Symbolic Geopolitics O F Syphilis : an Essay in. Anthropology, Historical, v. 3, p. 391–408, 1997.

COOPER, J. M. et al. Congenital syphilis. Seminars in perinatology. 2018, v. 42,3. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29627075/. Acesso em: 20 de set. 2021.

CUSCHIERI, Sarah. The STROBE guidelines. Saudi journal of anaesthesia, v. 13, n. Suppl 1, p. S31–S34, Abr 2019.

DE MELO, Fernando Lucas, et al. Syphilis at the crossroad of phylogenetics and paleopathology. PLoS neglected tropical diseases, v. 4, n. 1, p. e575, Jan 2010.

FAN, Yang, et al. P2.50 Detection of treponema pallidum dna in the breast milk of a female syphilis patient in shenzhen, china. Sexually Transmitted Infections, v. 93, n. Suppl 2, p. A89--A89, 2017. Disponível em: <https://sti.bmj.com/content/93/Suppl_2/A89.1>.

FRACASTORO, Girolamo. Hieronymi Fracastorii syphilis : Sive Morbus Gallicus. Londini: apud Jonam Bowyer ad Insigne Rosae in Coemeterio Divi Pauli, 1720.

GASPAR, P. C. et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: testes diagnósticos para sífilis. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v. 30, n. spe1. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1679-4974202100006.esp1. Acesso em: 22 de set. 2021.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico de 2010. Rio de Janeiro, 2010.

LAFETÁ, Kátia Regina Gandra, et al. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, n. 1, p. 63–74, 2016.

LIMA, M. G. et al. Incidência e fatores de risco para sífilis congênita em Belo Horizonte, Minas Gerais, 2001-2008. Ciência & Saúde Coletiva. 2011. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2013.v18n2/499-506/#. Acesso em: 20 de set. 2021.

MACÊDO, V. C. et al. Risk factors for syphilis in women: case-control study. Revista de Saude Publica. 17 de aug. 2017, v. 51 78. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28832758/. Acesso em: 21 de set. 2021.

MARIA, Zulmira e HARTZ, De Araújo. Sífilis congênita: evento sentinela da qualidade da assistência pré-natal. Revista de Saúde Pública, v. 47, n. 1, p. 147–157, 2013.

MARINHO DE SOUZA, Joyce, et al. Mother-to-child transmission and gestational syphilis: Spatial-temporal epidemiology and demographics in a Brazilian region. PLoS neglected tropical diseases, v. 13, n. 2, p. e0007122, Fev 2019.

MILANEZ, Helaine e AMARAL, Eliana. Por que ainda não conseguimos controlar o problema da sífilis em gestantes e recém-nascidos? Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia. [S.l.]: Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia. , Jul 2008

NUNES, Patrícia Silva, et al. Sífilis gestacional e congênita e sua relação com a cobertura da Estratégia Saúde da Família, Goiás, 2007-2014: um estudo ecológico. Epidemiologia e servicos de saude : revista do Sistema Unico de Saude do Brasil, v. 27, n. 4, p. e2018127, 2018.

PEATE, Ian, et al. Relação entre oferta de diagnóstico e tratamento da sífilis na atenção básica sobre a incidência de sífilis gestacional e congênita. The Lancet, v. 26, n. 3, p. 90–96, 2018. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32360-2>.

PEATE, Ian. The resurgence of syphilis. British Journal of Nursing, v. 26, n. 2, p. 73, 2017.

RODRIGUES, Celeste S. e GUIMARÃES, Mark D.C. Positividade para sífilis em puérperas: Ainda um desafio para o Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica/Pan American Journal of Public Health, v. 16, n. 3, p. 168–175, 2004.

ROTHSCHILD, Bruce M. History of Syphilis. Clinical Infectious Diseases, v. 40, n. 10, p. 1454–1463, 2005. Disponível em: <https://doi.org/10.1086/429626>.

SANTA CATARINA. Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Boletim epidemiológico sífilis em Santa Catarina. 2017. Disponível em: < http://www.dive.sc.gov.br/barrigaverde/pdf/BV_S%C3%ADfilis.pdf>. Acesso em: 23 out 2021.

SARACENI, Valéria e LEAL, Maria do Carmo. Avaliação da efetividade das campanhas para eliminação da sífilis congênita na redução da morbi-mortalidade perinatal: Município do Rio de Janeiro, 1999-2000 TT - Evaluation of the effectiveness of the congenital syphilis elimination campaigns on reducin. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 5, p. 1341–1349, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

X2003000500012&lang=pt%0Ahttp://www.scielo.br/pdf/csp/v19n5/17806.pdf>.

SARACENI, Valeria e FERNANDO MENDES PEREIRA, et al. Vigilância epidemiológica da transmissão vertical da sífilis: Dados de seis unidades federativas no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica/Pan American Journal of Public Health, v. 41, 2017.

SOUZA, J. M.; GIUFFRIDA, R.; RAMOS, A. P. M.; MORCELI, G.; COELHO, C. H.; RODRIGUES, M. V. P.. Mother-to-child transmission and gestational syphilis: spatial-temporal epidemiology and demographics in a brazilian region. Plos Neglected Tropical Diseases, [S.L.], v. 13, n. 2, p. e0007122, 2019.

SINGH, A E e ROMANOWSKI, B. Syphilis: review with emphasis on clinical, epidemiologic, and some biologic features. Clinical microbiology reviews, v. 12, n. 2, p. 187–209, Abr 1999.

TAMPA, M, et al. Brief history of syphilis. Journal of medicine and life, v. 7, n. 1, p. 4–10, 15 Mar 2014. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24653750>.

TOGNOTTI, Eugenia. The Rise and Fall of Syphilis in Renaissance Europe. The Journal of medical humanities, v. 30, p. 99–113, 2009.

WAUGH, M. A. Role played by Italy in the history of syphilis. British Journal of Venereal Diseases, v. 58, n. 2, p. 92–95, 1982.

Published

2021-12-13

How to Cite

OLIVEIRA, B. C. de; PASQUALOTTO, E.; BARBOSA, J. S. C.; DALTRO, V. N.; CRUZ, I. L. da; LOPES, N. A.; GONÇALVES, G. B. D.; BONANNI, I. dos S.; MACHADO, S. F.; LIMA, S. de S.; ABRÃO, M. P. L. Sífilis congênita e sífilis gestacional na região sudeste do Brasil: um estudo ecológico / Congenital syphilis and gestational syphilis in the southeast region of Brazil: an ecological study. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 4, n. 6, p. 27642–27658, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n6-321. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/41231. Acesso em: 28 mar. 2024.

Issue

Section

Original Papers