Relação entre o espectro autista e os transtornos alimentares / Relationship between autistic spectrum and eating disorders
Abstract
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um grupo de condições heterogêneas de neurodesenvolvimento. É caracterizado por déficits persistentes na comunicação social, seja linguagem verbal e/ou não verbal, e em habilidades para desenvolver, compreender e manter relacionamentos, o que interfere gravemente na autossuficiência desses indivíduos. Dentro desses aspectos, pode-se perceber que, principalmente crianças autistas, são muito seletivas e resistentes ao novo, dificultando a inserção de novas experiências com alimentos, podendo levar a transtornos da alimentação. Nesse sentido, objetivou-se analisar os transtornos alimentares presentes em crianças com o espectro do transtorno autista. O objetivo foi alcançado por meio de uma metodologia que consiste na análise de 20 artigos, entre os anos 2016 e 2020, em língua inglesa e portuguesa, retirados das plataformas: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e National Library of Medicine (NIH), com a pesquisa dos descritores em saúde (DeCS): “Autismo”, “Transtorno do Espectro Autista”, “Nutrição da Criança”, “Transtornos da Nutrição Infantil” e “Obesidade Pediátrica”. Após a análise dos estudos selecionados, constatou-se que pode sim haver uma relação entre os transtornos alimentares e crianças portadoras de TEA. Ademais, as dificuldades mais presentes nos artigos escolhidos foram em relação à seletividade alimentar, aspectos comportamentais durante as refeições e distúrbios da mastigação. Observou-se também alta prevalência de excesso de peso nas crianças com transtorno do espectro autista, além de alterações gastrointestinais. Concluiu-se que é importantíssimo o diagnóstico precoce desses transtornos alimentares, para que o prognóstico seja o melhor possível. Outrossim, foi constatado que é necessária intervenção adequada no que se refere ao acompanhamento nutricional, pois existe carência de informações ofertadas aos pais, cuidadores e aos próprios pacientes quanto a importância da alimentação na TEA.
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DOI: https://doi.org/10.34119/bjhrv4n1-113
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