Análise epidemiológica da sífilis congênita no nordeste brasileiro / Epidemiological analysis of congenital syphilis in northeast Brazil

Authors

  • Lílian Santana Marcelino de Araújo
  • Diana Soares da Silva
  • Izabella Mariane Ramos dos Santos
  • Joanny Elizabeth Maria Pimentel Campos
  • João Pedro Matos de Santana
  • Leticia Lima de Oliveira
  • Mariana Silveira Silva
  • Fernanda Costa Martins Gallotti

DOI:

https://doi.org/10.34119/bjhrv3n4-199

Keywords:

Sífilis congênita, Pré-natal, Transmissão vertical de doença infecciosa.

Abstract

A sífilis representa uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode ser transmitida verticalmente por via transplacentária ou durante o parto, ocasionando o quadro de sífilis congênita. Sabe-se que tal agravo é a segunda principal causa de natimortos evitáveis em todo o mundo, superando o número de consequências reportadas devido a infecção congênita pelo HIV, o que ilustra o importante acometimento da saúde materno-infantil. Neste cenário, o presente trabalho visa traçar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita referentes à região nordeste do Brasil. Consiste em um estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, cujos dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no período de 2007 a 2017. As variáveis utilizadas foram: casos confirmados, região, faixa etária, escolaridade materna, tratamento dos parceiros, pré-natal e óbitos infantis. A região Nordeste apresentou 44.944 casos de sífilis congênita, atrás apenas da região Sudeste (62.269). Embora tenha cobertura pré-natal (76,3%) próxima da média nacional (78%), a região ficou em último lugar quando comparada com outras localidades do país. Os estados mais afetados foram Pernambuco (10.779), Ceará (9.865) e Bahia (7.809), sendo concomitantemente os que apresentam menor quantitativo de tratamento dos parceiros. Quanto à escolaridade materna, a maioria (61,2%) possuía ensino fundamental incompleto. Por fim, foram catalogados 978 óbitos, dos quais 933 ocorreram na primeira semana de vida. O Nordeste projetou-se em 2° lugar nos casos de sífilis congênita, quadruplicando esse valor entre o primeiro e o último ano analisados, o que pode ser atribuído a avanços da vigilância epidemiológica ou a piora do panorama relacionado a esse agravo. Pernambuco, Ceará e Bahia demonstraram maior prevalência, possivelmente por uma menor qualidade no atendimento do pré-natal ou o não tratamento do parceiro. Nesse contexto, o menor índice de cobertura pré-natal e a baixa escolaridade materna são fatores que demonstraram favorecer a perpetuação da sífilis congênita no Nordeste. Nota-se que a melhoria do panorama desse importante agravo perpassa por um adequado acompanhamento pré-natal, tratamento dos parceiros e, especialmente, incentivo à educação em saúde.

References

BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo de Investigação de Transmissão Vertical. Brasília 2014. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2014/protocolo-de-investigacao-de-transmissao-vertical>. Acesso em: 10 de julho de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico de Sífilis. Brasília, 2019. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019>. Acesso em: 10 de julho de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2020.

CERQUEIRA, Luciane Rodrigues Pedreira de et al. The magnitude of syphilis: from prevalence to vertical transmission. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 59, 2017.

COSTA, Camila Chaves da et al. Sífilis congênita no Ceará: análise epidemiológica de uma década. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 152-159, Feb. 2013.

DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira et al. Prevalência de sífilis na gravidez e teste de sífilis pré-natal no Brasil: estudo sobre nascimento no Brasil. Rev Saude Pública. 2014; 48: 766-74.

PEELING, R. W. et al. Sífilis. Comentários da natureza. Iniciadores de doenças, vol. 3 17073. 12 de outubro de 2017, doi: 10.1038 / nrdp.2017.73.

TSIMIS, Michael E.; SHEFFIELD, Jeanne S. Update on syphilis and pregnancy. Birth defects research, v. 109, n. 5, p. 347-352, 2017.

Published

2020-08-03

How to Cite

ARAÚJO, L. S. M. de; SILVA, D. S. da; SANTOS, I. M. R. dos; CAMPOS, J. E. M. P.; SANTANA, J. P. M. de; OLIVEIRA, L. L. de; SILVA, M. S.; GALLOTTI, F. C. M. Análise epidemiológica da sífilis congênita no nordeste brasileiro / Epidemiological analysis of congenital syphilis in northeast Brazil. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 3, n. 4, p. 9638–9648, 2020. DOI: 10.34119/bjhrv3n4-199. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/14247. Acesso em: 29 mar. 2024.

Issue

Section

Original Papers