Sífilis congênita: o reflexo da assistência pré-natal na Bahia / Congenital syphilis: the reflex of pre natal care in Bahia

Authors

  • Otávio Carvalho Sousa
  • Paulo Vitor Campos Matos
  • Dijalma Guedes Aguiar
  • Renata Leite Rodrigues
  • Iana Conceição Macêdo
  • Daniela Santana Mendes Cordeiro
  • Monique Carvalho Santos Ferreira
  • Roberta de Assis Borges

Keywords:

Sífilis congênita. Epidemiologia. Pré-natal. Bahia.

Abstract

Introdução:A sífilis congênita (SC) é uma doença infecciosa que ocorre pela disseminação hematogênica do T. pallidum da gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada, para o feto. Essa transmissão pode ocorrer por via transplacentária ou durante o parto. A transmissão vertical (TV) do T. pallidum pode acontecer em qualquer fase gestacional. Em mulheres não tratadas a taxa de infecção da TV do T. pallidum é muito mais elevada nas fases primária e secundária da doença, correspondendo 70 a 100%. Embora tenha simples diagnóstico e rastreamento obrigatório durante o pré-natal a SC apresenta elevada prevalência, afetando dois milhões de gestantes no mundo.A SC é classificada em dois períodos: a precoce e a tardia. O VDRL é o método diagnóstico mais utilizado para detecção do T.pallidum, além de ser o exame padrão no diagnóstico e pré-natal. A meta para a eliminação da SC até 2015 nas Américas estabelecida pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e adotada pelo Ministério da Saúde é reduzir a incidência para 0,5 casos por mil nascidos vivos.Objetivo: Delinear a epidemiologia da SC na Bahia no período compreendido entre 2010 e 2016.Metodologia: Estudo do tipo ecológico de série temporal, realizado com dados secundários da SUVISA. Os dados foram tabulados e estratificados pelas variáveis:escolaridade da mãe, raça da mãe, realização do pré-natal, diagnóstico de sífilis materna, parceiro tratado, faixa etária da criança, diagnóstico final, incidência, mortalidade e letalidade da SC. Resultados:Em relação à incidência, ocorreu um aumento de 373,1%de 2016 em relação à 2010. Houve predomínio deSC recente (70,1%), em < 1 ano (99,53%), mães com ensino fundamental incompleto (28,6%), raça parda (59,1%), que realizaram o pré-natal (68,7%), sífilis materna detectada durante o pré-natal (43,7%) e parceiros não foram tratados (45,9%). A mortalidade foi de 8,6 óbitos/100.000 nascidos vivos e a letalidade foi 1,8%. Conclusão:Trata-se de um problema de saúde pública na Bahia, sobretudo pelo elevado número de incidência, mortalidade e letalidade. Evidenciando a fragilidade da assistência pré-natal da Bahia - baixa eficácia das ações de prevenção e tratamento.

 

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Published

2019-02-22

How to Cite

SOUSA, O. C.; MATOS, P. V. C.; AGUIAR, D. G.; RODRIGUES, R. L.; MACÊDO, I. C.; CORDEIRO, D. S. M.; FERREIRA, M. C. S.; BORGES, R. de A. Sífilis congênita: o reflexo da assistência pré-natal na Bahia / Congenital syphilis: the reflex of pre natal care in Bahia. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 1356–1376, 2019. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/1352. Acesso em: 29 mar. 2024.

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