Estado atual da vigilância entomológica da doença de Chagas no estado de São Paulo / Current state of the entomological surveillance of Chagas' disease in the state of São Paulo

Authors

  • Rubens Antonio da Silva

Keywords:

Vigilância entomológica, Doença de Chagas, Triatomíneos, Estado de São Paulo

Abstract

O Programa de Controle da Doença de Chagas encontra-se hoje numa fase avançada apresentando resultados que confirmam a não ocorrência de transmissão da doença por triatomíneos domiciliados. Os critérios de vigilância introduzidos preconizam pesquisa de triatomíneos no domicílio onde originou a notificação. O objetivo deste estudo foi avaliar o estado atual da vigilância entomológica. As informações para esta avaliação corresponderam ao período de janeiro de 2013 a dezembro de 2017, geradas através das ações de pesquisa entomológica pelas equipes de campo e laboratório da Sucen e constituem a base de dados informatizada do programa. Foram encaminhadas 6483 notificações de insetos, das quais 59,6% referentes a triatomíneos. No período em questão foram pesquisados 3863 imóveis. As notificações concentraram-se em duas regiões do estado, uma com maior frequência de encontro da espécie Triatomasordida e outra de Panstrongylusmegistus. As notificações foram provenientes de 456 municípios, correspondendo a 70,7% dos existentes. As pesquisas realizadas no atendimento as 3863 notificações de triatomíneos foram positivas em 26,5% resultando no controle químico de 1023 unidades domiciliares. Foram coletados no período 15594 exemplares de triatomíneos. A positividade para Trypanosoma cruzi foi observada em 123 exemplares de triatomíneos, correspondendo a 0,5% para T. sordida e de 3,8% para P. megistus. Os dados atuais corroboram o fato de que não ocorre veiculação do T. cruzi para o homem por triatomíneos domiciliados. Nesse contexto, é esperado que as estratégias de vigilância epidemiológica que se impõem mantenham resguardados os excelentes resultados até agora alcançados, devendo, ainda, ser implementadas ações que busquem orientar as pessoas para que efetuem adequadas modificações no ambiente peridomiciliar e se avance no processo de descentralização das ações de pesquisa e controle químico para os municípios paulistas.

 

References

Cecere MC, Gürtler RE, Canale D, Chuit R, Cohen JE 1996. El papel delperidomicilioenlaeliminación de Triatomainfestans de comunidades rurales argentinas. BolOfSanit Panam 121: 1-10.

Dias JCP. Epidemiologia. In: Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas – 2º ed., Rio de Janeiro, Ed. GuanabaraKoogan; 2000. p. 48 – 74.

Dias JCP. Os primórdios do controle da doença de Chagas (em homenagem a Emmanuel Dias, pioneiro do controle, no centenário de seu nascimento). Rev. Soc. Bras. Med. Trop 2011; 44(Supl. II):12-18.

Diotaiuti L, Loiola CF, Falcão PL, Dias JCP. The ecology of Triatoma sordida in natural environments in two different regions of the state of Minas Gerais, Brazil. RevInstMedTrop São Paulo. 1993;35(3):237–245.

Diotaiuti L. Alterações ambientais e a colonização peridomiciliar pelo Triatomasordida no Estado de Minas Gerais, Brasil. Acta ToxicolArgent , v. 5, p. 41-43, 1997.

Forattini OP. Biogeografia, origem e distribuição da domiciliação de triatomíneos no Brasil. RevSaude Publica 1980;14:265–299.

Lent H, Wygodzinsky P 1979. Revision of the Triatominae (Hemiptera, Reduviidae) and their significance as vectors of Chagas disease. Bull Am Mus Nat Hist 163: 125-520.

Magalhães-Santos IF. Transmissão oral da doença de Chagas: breve revisão. RevCiêncMédBiol 2014; 13(2):226-235.

Pan American Health Organization (PAHO). Chagas disease, 2009. https://www.paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=2180%3A2009-chagas-disease&catid=1719%3Apcpcd-ecuador2&Itemid=1873&lang=en (acesso em 18/06/2018)

Silva RA, Bonifácio PR, Wanderley DMV. Doença de Chagas no Estado de São Paulo: Comparação entre pesquisa ativa de triatomíneos em domicílios e notificação de sua presença pela população em área sob vigilância entomológica. RevSocBrasMedTrop 1999; 32(6):653-659.

Silva RA, Wanderley DMV, Domingos MF, Yasumaro S, Scandar SAS, Pauliquévis-Jr C, Sampaio SMP, Takaku L, Rodrigues VLCC. Doença de Chagas: notificação de triatomíneos no Estado de São Paulo na década de 1990. RevSocBrasMed Trop. 39(1):218-226, 2006.

Silva RA, Barbosa GL, Rodrigues VLCC. Vigilância epidemiológica da doença de Chagas no estado de São Paulo no período de 2010 a 2012. Epidemiol. Serv. Saúde. 23(2):259-267, 2014.

Silveira AC. Situação do controle da transmissão vetorial da doença de Chagas nas Américas. Cad Saúde Pública. 2000;16:35-42.

Souza AG, Wanderley DMV, Buralli GM, Andrade JCR. Consolidation of the control of Chagas disease in State of São Paulo. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 79:125-132, 1984.

Wanderley DMV. Controle do Triatomainfestans no Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 26(Sup. 3):17-25, 1993.

WHO (World Health Organization). Chagas disease: control and elimination. ReportoftheSecretariat 2008; EB124/17.

Published

2019-01-25

How to Cite

SILVA, R. A. da. Estado atual da vigilância entomológica da doença de Chagas no estado de São Paulo / Current state of the entomological surveillance of Chagas’ disease in the state of São Paulo. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 742–755, 2019. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/1210. Acesso em: 29 mar. 2024.

Issue

Section

Original Papers