Enzimas biomarcadoras e o efeito subletal de agrotóxicos no peixe Salminus brasiliensis / Biomarkers enzymes and the sublethal effect of agrochemicals on the fish Salminus brasiliensis

Autores

  • Ana Carolina Volpato Zanandrea
  • Eduardo dos Santos Silva
  • Frederico Freire Bastos
  • Vera Lúcia Freire da Cunha Bastos
  • Jayme da Cunha Bastos Neto

DOI:

https://doi.org/10.34188/bjaerv4n1-019

Palavras-chave:

Alterações bioquímicas podem ser usadas como biomarcadores. Entretanto, medições bioquímicas são afetadas não só por poluição e podem ser espécie-específicas. Assim, já que nosso objetivo foi buscar alterações de atividades enzimáticas causadas por agrotó

Resumo

Alterações bioquímicas podem ser usadas como biomarcadores. Entretanto, medições bioquímicas são afetadas não só por poluição e podem ser espécie-específicas. Assim, já que nosso objetivo foi buscar alterações de atividades enzimáticas causadas por agrotóxicos no peixe dourado, Salminus brasiliensis, precisamos primeiramente estabelecer atividades enzimáticas basais, no inverno e no verão. Depois, exemplares de dourado foram expostos a agrotóxicos. Um inseticida com o princípio ativo triflumurom foi testado a 0,1 ppm na água. Em outro experimento um herbicida com glifosato foi acrescentado na água para 1,5 ppm. Foram testados tempos de exposição de 4 e 24 horas. Um grupo controle foi mantido sem nenhuma exposição. Duas atividades com substratos específicos para isoenzimas do P-450 foram ensaiadas por fluorescência nos microssomos hepáticos. Uma foi com o substrato 7-etoxicumarina (ECOD) e outro com a 7-etoxirresorufina (EROD). O ensaio da ECOD apresentou valores pelo menos dez vezes maiores do que o da EROD. A atividade da ECOD teve uma elevação no inverno quando comparada ao verão. A atividade da carboxilesterase (CaE) foi ensaiada no soro e na fração dos microssomos do fígado utilizando como substrato o 4-nitrofenilacetato pelo aparecimento do para-nitrofenol durante um minuto no meio reacional. A atividade de CaE nos microssomos do fígado dos dourados foi 0,22 ± 0,07 µmol.min-1.mg-1. A atividade de CaE no soro atingiu valores de 6,96 ± 3,71 µmol.min-1.mL-1. Não foi verificada diferença sazonal nos níveis da CaE. Dourados expostos ao triflumurom ou ao glifosato tiveram níveis estatisticamente mais elevados de CaE no soro. Não foi verificada diferença significativa na atividade de CaE e de P-450 na fração dos microssomos do fígado comparando o grupo controle com os expostos. As atividades da CaE nos microssomos do fígado e no soro são claramente detectáveis, sendo que o método com uso de soro é vantajoso por ser rápido e por preservar a vida do animal. As atividades enzimáticas hepáticas ensaiadas no verão foram diferentes das do inverno. Assim, não se deve ensaiar atividades de mono-oxigenases e esterases do fígado do dourado como biomarcadoras sem atentar para o nível basal da estação do ano em que se processarem os bioensaios.    

Referências

AMARANTE JÚNIOR, O.P.; SANTOS, T.C.R.; BRITO, N.M. e RIBEIRO, M.L. 2002. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação. Química Nova, v. 25, n 4, p. 589-593.

ARIAS, A. R. L.; BUSS, D. F.; ALBURQUERQUE, C.; INÁCIO, A. F.; FREIRE, M. M.; EGLER, M.; MUGNAI, R. e BAPTISTA, D.F. 2007. Utilização de bioindicadores na avaliação de impacto e no monitoramento da contaminação de rios e córregos por agrotóxicos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 1, p. 61-72.

BOEGER, W. A. Lernea: Biologia e Prevenção. Revista Panorama da Aquicultura, v. 56, nov/dez, 1999.

BOMBARDI, L. M. 2017. Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia. São Paulo: FFLCH – USP.

BRAUN, N.; LIMA, R. L.; BALDISSEROTTO, B.; DAFRE, A. L. e NUÑER, A. P. O. 2010. Growth, biochemical and physiological responses of Salminus brasiliensis with different stocking densities and handling. Aquaculture, v. 301, n. 1-4, p. 22-30.

CHAMBERS, J.E. e YARBROUGH, J.D. 1976. Xenobiotic biotransformation systems in fishes. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 55C, p. 77-84.

CUNHA BASTOS, V. L. F. 2001. Enzimas do metabolismo de xenobióticos em Piaractus mesopotamicus (pacu). 164 f. Tese (Doutorado em Biociências) – Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

CUNHA BASTOS, V.L.F.; ALVES, M. V.; BERNARDINO, G.; CECCARELLI, P. S. e CUNHA BASTOS, J. 2004. Paraoxonase activity in sera of four neotropical fish. Bulletin of Environmental Contamination and Toxicology, v. 72, p. 798-805.

DALZOCHIO, T.; G.Z.P. RODRIGUES; I. E. PETRY; G. GEHLEN e L.B. SILVA. 2016. The use of biomarkers to assess the health of aquatic ecosystems in Brazil: a review. International Aquatic Research, v.8, p. 283–298.

FRAGA, A. S. 2010. Acetilcolinesterase, butirilcolinesterase, carboxilesterase e a resistência de peixes neotropicais aos pesticidas organofosforados. 55 f. Tese (Doutorado em Biociências) – Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

GHAZALA, S. M.; AHMAD, L.; SULTANA, S.; ALGHANIM, K.; AL-MISNED, F. e AHMAD, Z. 2014. Fish cholinesterases as biomarkers of sublethal effects of organophosphorus and carbamates in tissues of Labeo rohita. Journal of Biochemical and Molecular Toxicology, v. 28, n. 3, p. 137-142.

GIL, F. e PLA, A. 2001. Biomarkers as biological indicators of xenobiotic exposure. Journal of Applied Toxicology, v. 21, p. 245–255.

GOKSOYR, A. e FÖRLIN, L. 1992. The cytochrome P-450 system in fish, aquatic toxicology and environmental monitoring. Aquatic Toxicology, v. 22, p. 287-312.

KLEMZ, C.; SALVO, L. M., CUNHA BASTOS, J., BAINY, A. C. D. e ASSIS, H.C.S. 2010. Cytochrome P450 detection in liver of the catfish Ancistrus multispinis (Osteichthyes, Loricariidae). Brazilian Archives of Biology and Technology [online], v. 53, n. 2, p. 361-368.

MORGAN, E.W.; YAN, B.; GREENWAY, D.; PETERSEN, D. R e PARKINSON, A. 1994. Purification and characterization of two rat liver microsomal carboxylesterases (hydrolase A and B). Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 315, p. 495-512.

PETERSON, G.L. 1977. A simplification of the protein assay method of Lowry et al. which is more generally applicable. Analytical Biochemistry, v. 83, p. 346-356.

POTTER V. R. e ELVEHJEM C. A. 1936. A modified method for the study of tissue oxidations. Journal of Biological Chemistry, v. 114, p. 495-504.

SALLES, J. B.; CUNHA BASTOS, V. L. F.; SILVA FILHO, M.V.; MACHADO, O. L. T.; SALLES, C.M.C.; GIOVANNI DE SIMONED, S. e CUNHA BASTOS, J. 2006. A novel butyrylcholinesterase from serum of Leporinus macrocephalus, a Neotropical fish. Biochimie, v. 88, n. 1, p. 59–68.

SOLÉ, M.; S. VEGA e I. VARÓ. 2012. Characterization of type ‘‘B’’ esterases and hepatic CYP 450 isoenzimes in Senegalese sole for their further application in monitoring studies. Ecotoxicology Environmental Safety, v.78, p. 72–79.

VAN DER OOST, R.; BEYER, J. B. e VERMEULEN, N. P. E. 2003. Fish bioaccumulation and biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology and Pharmacology, v. 13, p. 57-149.

WEINGARTNER, M. e ZANIBONI FILHO, E. 2010. Biologia e cultivo do dourado. In: BALDISSEROTTO, B. e GOMES, L.C. (Org). Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil. 2 ed. Santa Maria: Editora UFSM. p. 245-281.

WHEELOCK, C.E.; K.J. EDER; I. WERNER; H. HUANG; P.D. JONES; B.F. BRAMMELL e B.D. HAMMOCK. 2005. Individual variability in esterase activity and CYP1A levels in Chinook salmon (Oncorhynchus tshawytscha) exposed to esfenvalerate and chlorpyrifos. Aquatic Toxicology, v. 74, p. 172-192.

Downloads

Publicado

2021-01-18

Como Citar

Zanandrea, A. C. V., Silva, E. dos S., Bastos, F. F., Bastos, V. L. F. da C., & Bastos Neto, J. da C. (2021). Enzimas biomarcadoras e o efeito subletal de agrotóxicos no peixe Salminus brasiliensis / Biomarkers enzymes and the sublethal effect of agrochemicals on the fish Salminus brasiliensis. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, 4(1), 196–209. https://doi.org/10.34188/bjaerv4n1-019

Edição

Seção

Artigos originais